2005-07-19

A Provação do Labirinto




9 juillet - 28 août 2005 Labyrinthus Alsace, 68150 Ribeauvillé http://www.labyrinthus.com/

"...o facto de irmos e virmos, e de partirmos de novo, lembra-me um caminhar no labirinto. Ora, creio que o labirinto é por excelência a imagem de uma iniciação..."

Mircea Eliade, A Provação do Labirinto

2005-07-18


Reflexo ...

Os dedos colam-se ao corpo; e a luz
esplêndida dos cabelos molha o espírito
com que a olho.
... ... ...

Pego na tua mão pelo instante
em que hesitas. É melhor que o tempo
não dure. O que não se vive, fica
para outro dia, mesmo quando
não chega.

Nuno Júdice, Teoria Geral do Sentimento (adap.)
de pé à frente



Há no homem, como todos sabemos, o ilimitado da sua procura e o limite de tudo o que encontra. Nenhum sentimento perdura para além da sua realização. Nenhuma verdade se aguenta, se não desistirmos de a questionar. Nenhuma crença se nos inflama, se a não reanimarmos. Enquanto se realiza ou vive seja o que for, isso integra-se no homem e assim lhe não tem peso como o não tem o corpo que é seu. O homem é o ilimitado do seu caminhar. E tudo aquilo em que se vai realizando é só expediente para ir havendo caminho.
Vergílio Ferreira, Pensar

2005-07-13

aninho-me na tua presença distante
alinho a tua existência em mim
sigo
o teu rasto de luz

2005-07-08

Chamas
Chamas
Chamas...

E eu não oiço

É a luz duma outra chama que não me deixa ver-te

Chama
Londres a arder (4 bombas, mais de 50 mortos - http://pt.wikipedia.org/wiki/Atentado_em_Londres_de_7_de_julho_de_2005)

"São muitos os motivos de pessimismo e angústia, vários e ameaçadores os absurdos de que a nossa vida se rodeou e dos quais parece não poder prescindir. Só um humanismo renovado, mas fiel aos seus ideais de servir pela reflexão as mais nobres aspirações do espírito, é capaz de manter, entre as manchas sombrias do mundo de hoje, a débil claridade de uma esperança."

Orlando Ribeiro, 1960
...
...
Procuro encontrar. Quando procuro é porque não encontro. Quando encontro já não procuro. Pois. Procuro sempre mais do que encontro. E quando por fim encontro tudo o que procurava procuro encontrar algo para procurar.

2005-07-06

Para encontrar (não) preciso procurar
preciso de mão para agarrar

2005-01-18


Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renque e o plural árvores não são coisas, são nomes.

Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso!

Poemas de Alberto Caeiro, XLV


geofotografando

guindastes, antenas, janelas, telhados
as linhas rectas do mundo humano
que da minha varanda se alcança.
ao longe resta do Universo curvo
uma cercada fiada de árvores.

Não é o ângulo recto que me atrai,
nem a linha recta, dura, inflexível,
criada pelo homem.
O que me atrai é a linha curva livre e sensual,
a curva que encontro nas montanhas do meu país,
no curso sinuoso dos seus rios,
nas ondas do mar;
... de curvas é feito todo o Universo,
o universo curvo de Einstein.

Oscar Niemeyer, citado em O Rio como Paisagem, Maria da Graça Saraiva


Fotogeografando

dá-me alguma da tua pele terra
tu que não me pedes nada e
me apareces de noite vestida de
nudez pele terra e me abres caminhos
para que te conheça dá-me algum
do silêncio que me dás para que
nele te diga pele terra se de noite
me apareces iluminada de muitos
pássaros a nascer e a voar a
nascer e a voar silêncio pele terra
para que te conheça dá-me o que
dás a todos e nunca deste senão
a mim pele terra tu que me dás
os gestos das minhas mãos
a música das minhas palavras que
me dás pele terra esconde-te
dentro de mim

A Criança em Ruínas, José Luís Peixoto

2005-01-07

À VOLTA E DENTRO DA GEOGRAFIA

"O geógrafo deve pensar em conjunto."


"Quanto mais o homem se civiliza mais depende da natureza."


Citações de Ratzel por Silva Telles nas suas aulas de Antropogeografia (1930) in Orlando Ribeiro, Iniciação em Geografia Humana, Edições João Sá da Costa, Lisboa, 1986



"A Geografia pode aprender-se numa nesga de terra mas deve ser pensada nas dimensões do planeta"


O. Ribeiro, «Réflexions sur le métier de géographe», Études de Géographie Tropicale offertes à Pierre Gourou, 1972, in Orlando Ribeiro, Iniciação em Geografia Humana, Edições João Sá da Costa, Lisboa, 1986